Anteras, estomas,
estigmas, rizomas bem que se esmeram - em vão.
Arnica no tombo, camomila na insônia,
manjericão no molho, lavanda no quengo.
Mas a orquídea, muito egípcia, tá se danando pra a sua mazela.
Ela na sala é uma rainha
exibida e exótica e abusa toda erótica suas cores.
Maracujá basta ter
terra, cactus sobrevive a um bombardeio, violeta se cria até em banheiro de consultório.
Orquídea morre com vento, com sol, com chuva, morre
de muito e de pouco, morre até de tristeza.
Mas ela nem liga e
arrota arrogante seus labelos e bainhas nas flores que são fáceis.
(Não se tem
notícia de nenhuma orquídea que quis ser margarida.)
Então haja
ardósia, açaí, nó de pinho, brita,
barro, dolomita, piaçava, haja carvão pra adubar essa dondoca.
As orquídeas são
inúteis mas você vai erguer um castelo pra elas: estufa, ripado, fumo, xaxim,
papel celofane, ufa.
Já ela, adivinha:
não vai fazer nada por você.
Nem um calmante,
nenhuma compressa, nem um chazinho.
A orquídea é esqueleto
e substrato de tudo que é deslumbrante e só.
Ela sabe que não
há nada mais imprescindível que o supérfluo.
As orquídeas não
servem pra nada.
E no entanto cada
orquídea é urgente.
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