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Uma alcachofra.
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Como assim alcachofra?
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A alcachofra é uma flor, você
sabia?
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Ninguém dá alcachofra de
presente pra namorada.
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A gente não era namorado.
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A alcachofra era uma não-flor
para uma não-namorada. Entendi.
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Depois a gente saiu pra jantar.
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Ele tem cara que pede vinho
caro.
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Ele pediu chá.
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Quem é que janta chá?
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Aí ele pediu um carnaval.
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Justo.
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Aí ele pediu minha mão.
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Nunca achei que eu fosse te ver
assim, de noiva.
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Nunca achei que eu fosse me ver
assim de novo.
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Isso só acontece em novela.
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E a gente nem vê novela.
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É coisa de fim de filme, sabia?
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Eu sempre durmo no começo dos
filmes.
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Ele te acorda?
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Melhor: ele me deixa sonhando.
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Mas e a realidade?
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Experimenta colocar uma
grinalda.
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Vocês não foram rápido demais?
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Aqui não tem radar.
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Será que não é muito cedo?
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A gente não usa relógio.
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Mas e os divórcios? As dúvidas?
As estatísticas? E a ciência? A matemática? A lógica? E a última? E a próxima?
(Deixa
o mundo gritar suas proparoxítonas todas agudas e acentuadas, amor. Deixa que alcachofras são raras, mas não tem acento nem hífen).
Você está inibindo a minha vontade de escrever... eu penso em escrever algo, mas aí leio teu texto e você já disse tudo. bravo! bravo!
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