Essa
porta-automática parece que brinca de esconde-esconde com a gente.
Abriu.
É Maninho
ou não é?
Se
tiver olho arregalado, cabelo espetado colorido, se tiver dente de alumínio e pé
torto eu sei que é.
Fechou.
Sorte
de quem tem alguém esperando com placa e tudo. Club Med. Senhor Alvarez. CVC.
Abriu.
É Maninho
ou não é?
Passa
criança-mickey, 5 caixas de whiskey andam sozinhas, chegam duas velhas de
moletom colorido, aterrisa um time inteiro de handebol.
Fechou.
É o
tempo de eu morrer de saudade. Abre, gente! Esse povo não tem pena da nossa
agonia não?
Abriu.
É Maninho
ou não é?
Quero
tanto ver meu menino que vejo. Olha ele ali. Não é. Ou é?
Fechou.
Dá
licença, criatura, sai da frente, homem, veio todo mundo aqui hoje só
atrapalhar minha vida, será possível.
Abriu.
É Maninho
ou não é?
Agora
é. Só que essa porta é mágica que ano passado deixei aqui um garoto e agora me
entregam esse marmanjo embrulhado num terno.
É Maninho
ou não é?
O
cabelo não tem mais arrepio nem cor de papel crepom, o dente não é mais prata.
Mas o jeito de coçar a cabeça é o mesmo se você reparar, repara que é.
Maninho!,
eu chamo.
Ele
me abraça pesado, mas pede. Maninho não, vó, é Manuel.
É Maninho
ou não é?
Deixa
ele pensar que não. Pra mim sempre vai ser.
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