Toda mãe é uma Copa do Mundo.
A maior festa que existe: superfaturada,
polêmica, grandiosa – um exagero.
Uma mãe começa a ser planejada 30 anos antes e
nunca fica pronta a tempo.
O pai não.
Todo pai é feito às pressas.
Coisa de 5 minutos.
Assim: a mãe se vira pra ligar o
fogão.
O filho até aí, é todo feito nela,
todo feito dela.
(A biologia nega, mas qualquer mãe sabe
que fez o filho sozinha.)
O filho crescido, já com a boca
cheia de gengiva, e o homem ali, sendo apenas um homem.
O leite ferve.
Coisa de 5 minutos.
Até que alguma mágica se dá, bruxaria, baba ou espirro.
E numa combustão espontânea, de
repente passam por aquele homem todos os estrogênios, progesteronas,
prolactinas, contrações, o parto, a placenta e litros e litros do mais proteico líquido
aminiótico.
Então no meio da cozinha, antes do
jantar de terça-feira, um cordão umbilical invisível junta os dois para sempre.
O homem chora pequeno, porque dói
chegar tão perto do que é ser uma mulher.
O homem chora soberbo, porque a
mulher pode ser tudo, mas nunca vai ser um pai.
Mas a mãe, se tiver esperteza,
gosta e descansa de ser tão gigantesca.
Finalmente ela tem sua chance
gloriosa de ser inútil.