Ele chora, depois eu e todos. Ele
grita e nós rimos triunfantes: a humanidade venceu outra vez. No quarto eles me
costuram do trauma, da amputação. Se já dói lhe arrancarem um dente, imagina um
filho.
Nessa trincheira tudo sou eu: os aliados e inimigos, os tiros cegos para o alto no
escuro e os mísseis inteligentes.
Em casa viro uma máquina. Uma fábrica
miraculosa e bombardeada que não pode parar de funcionar. Toda esta fabrica é
também a mãe: as engenhocas e traquitanas, os funcionários, a matéria-prima mais
essencial e o lixo que sobra.
Isso para que ele possa chorar
mais e cobrar tiranicamente o que lhe prometi quando o inventei: a vida.
Eis o trato - eu o salvo de
morrer, ele me salva de ser mortal.
De repente, então:
Saber que ele não existe sem mim é
a grande tragédia.
Saber que ele existe sem mim é a
grande tragédia.
E enquanto o amamento em dias e noites
repetidas percebo o óbvio, e concluo o que mesmo a mãe mais dinossáurica já sabia:
na verdade é ele quem me alimenta.
Um filho é a verdadeira Grande
Guerra e no entanto é a única paz possível pra quem nasceu num corpo de mulher.