Boiar não é
nossa natureza
Emergir não é
nosso ímpeto
Tentamos a
superfície, mas oxigênio nos asfixia.
Mergulhar, no
entanto, é fácil:
Temos chumbo
nos pés
Somos
náufragos de nossas histórias.
Monstros
marinhos
Desajeitados e
profundos
Simples e
primitivos
Abissais
Mas somos de
verdade, ao menos, somos concretos
Quase pedras
Ou somos
também o contrário disso: transparentes
Nós e nossos
tentáculos luminosos tentando enxergar o futuro
Em vão
Somos
cegos
E nem a
ciência sabe o que une nossa espécie, amor
Não há quem desvende nosso ecossistema.
Não há quem desvende nosso ecossistema.
Mas eu
suspeito:
É que lá
embaixo
Onde tudo
afoga
Onde a maioria
morre
Na ginga
eterna e repetitiva do oceano
No escuro, no
silêncio
Sozinhos
A gente dança.